Semana passada carinha chegou e me
pediu uns créditos na pontuação da minha CNH, isto é, veja só, ele queria
debitar uns pontinhos dele na minha coleção de falta de pontinhos. Sou um
condutor respeitável, sujeito com índole ilibada. Cobrei cem pilas. Preenchi a
guia. Passei minha CNH pra ele xerocar. Ele disse: vou ali e volto, já já trago
a grana e a sua carteira de motorneiro. O puto desapareceu. Não atende meus
chamados. Não responde mensagens. E eu aqui, chupando palito de picolé no trânsito e ainda por cima sem a minha CNH.
Meus dentes estão cada vez mais
dançarinos, não há nada que eu possa fazer a não ser ir ao dentista. Odeio ir
ao dentista. Então deixo rolar. Sou teimoso, apesar de bom moço e quase banguela, sou o queridinho
das minhas ex e futuras sogras. Pode crer.
Meu cacife tá baixo. Sou péssimo
jogador. Mas insisto. Apostei 30 mil contos de réis numa rodada que não dava outra. Pois
deu outra. E lá se foram os meus anéis.
Sofro de artrose desde moleque.
Principalmente nas mãos. Minha profissão é de batuqueiro. Batuco dez, doze
horas por dia. Batuco nas teclas. Sou escrevinhador. Mal vivo disso. Mas
insisto. Então têm horas que não consigo nem abrir um vidro de geleia, gosto da
de damasco (sacou a cacofonia?). Então as tampas não destampam. Têm horas que
as coisas pulam das minhas mãos. E ainda tem neguinho que ao me cumprimentar faz
questão de mostrar o quanto é macho. Chamo a isto de cumprimento torniquete. Já
andei de luvas e evitava dar as mãos pra sujeitos altos, bem dotados de ombros,
aqueles marombados da porra que não sabem nem quem foi Elis Regina. O povo
estranha minha negação em dar a mão. Deixa pra lá.
Os oceanos estão cada vez mais ácidos,
quentes e com menos oxigênio.
A Dilma está chamando o povo da mais
execrável direita pra compor o ministério dela, não o meu.
Cada vez que penso em sair de casa me
dá paúra. A coisa chama agorafobia. Cada vez que entro no banheiro me dá
taquicardia. A coisa chama claustrofobia. Quer dizer, não consigo ficar nem
dentro nem fora.
Tem uma mulher que entra aqui na minha
casa e me dá ordens. Nem sei o nome dela. Acho que é um fantasma. Só pode ser.
Minha libido foi viajar já faz três
meses. E não avisou quando volta.
Quer dizer, to meio maltratado. Só
meio. Mas, foda-se. Depois que vi essa ilustração aí de cima que descreve
a tal da Laniakea (céu imensurável em havaiano), fiquei pianinho. Reparem só,
aquele pontinho vermelho à direita é a NOSSA galáxia, essa imensidão em que
habitamos, vagamos, perdidinhos. Quer saber? Somos tão insignificantes, tão
minimamente mínimos, que não vale a pena nem reclamar da vida.
Sua maneira de ser ,viver e dizer a vida é fantástica!!Sua intensa sinceridade frente o cotidiano deixa-nos sempre emocionados,preocupados e também vendo como nos escondemos das verdades!!Poeta maior é o que você é!!!
ResponderExcluirGraça
Grato pelas palavras, Gracinha. Você sempre me incentivando e me deixando assim, meio sem jeito.
ExcluirBeijo.
lalo