segunda-feira, 16 de março de 2015

PEDAGOGIA – MEMÓRIA – PAULO FREIRE

Paulo Freire


       A VIDA COMO APRENDIZADO
                                 ALGUMAS IDEIAS DO EDUCADOR PAULO FREIRE

“Toca violão bem baixinho e canta para eu dormir.”
(Livro do Bebê in Ana Maria Araújo Freire no livro Paulo Freire: uma biobibliografia, em “A voz da esposa”)
“Na verdade, o domínio sobre os signos linguísticos escritos, mesmo pela criança que se alfabetiza, pressupõe uma experiência social que o precede – a da ‘leitura’ do mundo.”
(Cartas à Guiné-Bissau, 1977.)
“A retomada da infância distante, buscando a compreensão do meu ato de ‘ler’ o mundo particular em que me movia (...), me é absolutamente significativa. Neste esforço a que me vou entregando, recrio, e revivo, no texto que escrevo, a experiência vivida no momento em que ainda não lia a palavra.”
(A importância do Ato de Ler, 1982.)
“Não basta saber ler que Eva viu a uva. É preciso compreender qual a posição que Eva ocupa no seu contexto social, quem trabalha para produzir a uva e quem lucra com esse trabalho.”
(Educação na Cidade, 1991.)
“Dai a ênfase que dou (...) não propriamente à análise de métodos e técnicas em si mesmos, mas ao caráter político da educação, de que decorre a impossibilidade de sua neutralidade.”
(Ação Cultural para a Liberdade, 1976)
“Ninguém liberta ninguém, ninguém se liberta sozinho: os homens se libertam em comunhão.”
(Pedagogia do Oprimido, 1968.)
“A consciência do mundo e a consciência de si como ser inacabado necessariamente inscrevem o ser consciente de sua inconclusão num permanente movimento de busca (...).”
(Pedagogia da Autonomia, 1997.)
“Aos esfarrapados do mundo e aos que neles se descobrem e, assim descobrindo-se, com eles sofrem, mas, sobretudo, com eles lutam.”
(Pedagogia do Oprimido, 1968.)
“Quando penso em minha Terra, penso sobretudo no sonho possível – mas nada fácil – da invenção democrática de nossa sociedade.”
(À Sombra desta Mangueira, 1995.)
“Devemos compreender de modo dialético a relação entre a educação sistemática e a mudança social, a transformação política da sociedade. Os problemas da escola estão profundamente enraizados nas condições globais da sociedade.”
(Medo e Ousadia, 1987.)
“Minha fala (..) estava acrescida de um significado que antes não tinha. Era, no momento (...) em que a comunhão não era apenas a de homens e de mulheres e de deuses e ancestrais, mas também a comunhão com as diferentes expressões de vida. O universo da comunhão abrangia as árvores, os bichos, os pássaros, a terra mesma, os rios, os mares. A vida em plenitude.”
(Pedagogia da Esperança, 1992.)
“Para a concepção crítica, o analfabetismo nem é uma ‘chaga’, nem uma ‘erva daninha’ a ser erradicada (...), mas uma das expressões concretas de uma realidade social injusta.”
(Ação Cultural para a Liberdade, 1976)
“Daí que os intelectuais que aderem a esse sonho tenham de selá-lo na passagem que devem realizar ao universo do povo. No fundo, tem de viver com ele uma comunhão em que, sem dúvida, terão muito o que ensinar se, porém, com humildade e não por tática, aprenderem a renascer como um intelectual ficando-novo.”
(Por uma Pedagogia da Pergunta, 1989.)
“É porque podemos transformar o mundo, que estamos com ele e com outros. Não teríamos ultrapassado o nível de pura adaptação ao mundo se não tivéssemos alcançado a possibilidade de, pensando a própria adaptação, nos servir dela para programar a transformação.”
(Pedagogia da Indignação, 2000.)
“A pessoa conscientizada tem uma compreensão diferente da história e de seu papel nela. Recusa acomodar-se, mobiliza-se, organiza-se para mudar o mundo.”
(Cartas à Cristina, 1994.)
“O amor é uma intercomunicação íntima de duas consciências que se respeitam. Cada um tem o outro como sujeito de seu amor. Não se trata de apropriar-se do outro.”
(Educação e Mudança, 1979.)
“Desrespeitando os fracos, enganando os incautos, ofendendo a vida, explorando os outros, discriminando o índio, o negro, a mulher, não estarei ajudando meus filhos a serem sérios, justos e amorosos da vida e dos outros.”
(Pedagogia da Indignação, 2000.)
Últimas palavras escritas por Paulo Freire. Referia-se ao índio Galdino, assassinado por um grupo de adolescentes, em Brasília, 1997.
PAULO FREIRE (1921 – 1997) foi um dos mais importantes educadores do país. Nasceu em Recife, Pernambuco, em 19 de setembro de 1921. Ficou conhecido principalmente por criar as bases do Programa Nacional de Alfabetização, durante o Governo João Goulart. No Golpe Militar de 1964, o Programa foi extinto e Freire exilado. Muitos anos depois, com a abertura democrática, o pensamento freireano voltou a influenciar a educação no Brasil, embora devamos reconhecer a distância ainda excessiva entre os ideais libertários e progressistas do pensador e as práticas cotidianas na maioria das Escolas Brasileiras.
 

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